sábado, março 25, 2006

Átopos

Sim, estou com medo. Odeio admitir isso.
Eu, tão forte, tão decidida, sempre tão na ativa, sempre sabendo o que fazer.
Talvez eu esteja em algum lugar dentro de mim, tão escondida quem nem eu mesma sei como resgatar...

Tenho medo disso nunca passar. A cada um de nós é dado um tempo, eu sei - só tô com medo de não reconhecê-lo.
Tô com medo de que o tempo me enrosque em seus tentáculos, me absorva de tal modo a ponto de ele fazer o que eu deveria ter feito.
Medo de que o tempo não faça nada, e nem eu. Ficaremos os dois assim, brincando de esconder: eu, esperando que ele me consuma, fingindo ignorar sua ação; ele, eternamente efêmero, fazendo de mim o que quiser.

Contrariando tudo o que eu sou e todo o meu bom senso, tudo o que quero é fugir.
Longe. Onde ninguém saiba meu nome. Onde ninguém saiba quem sou. Onde ninguém diga quem tenho que ser.
Eu e você, doce menina. Preciso te reencontrar.
Preciso redescobrir o que provocava teu sorriso. Preciso dos motivos para o teu brilho, que eu, com essa mania de maturidade, teimo em ofuscar.
Preciso da tua inocência, da tua insanidade, do teu medo de escuro. Talvez, o medo que sinto seja a única coisa que ainda me faça crer que você sou eu. Somos uma só, ainda.

Não chore, doce menina - eu sei que você está aí. Eu não te abandonei.
Na verdade, eu sei quando você aparece. Eu sei quando é a sua voz falando alto. Me perdooe por te calar tantas vezes...
A culpa é minha, eu sei, fui eu que deixei isso acontecer.Vai ser tudo como era antes, eu juro.
Você vai ver como tudo vai dar certo, tudo vai ficar bem de novo...
Só preciso tomar coragem. E cuidado.

Antes, preciso chorar. Eu e você, sozinha.

terça-feira, março 21, 2006

Homengem póstuma

Tenho pensado muito sobre as relações humanas nesses dias, principlamente sobre a amizade. É engraçado e curioso como as pessoas se encontram, se esbarram pela vida, e as alterações de rumos que esses encontros provocam.

Ao chegar na faculdade hoje, me deparei com a notícia da morte de um amigo distante, porém muito querido. E imediatamente me lembrei deste texto, creditado à Vinícius de Moraes:

"Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos. Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles.

A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade. E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências…A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida. Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles. Eles não iriam acreditar.

Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos. Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure. E às vezes, quando os procuro, noto que eles não tem noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente, construí e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida. Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado. Se todos eles morrerem, eu desabo! Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles. E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.

Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles. Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer…Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e, principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus amigos!

A gente não faz amigos, reconhece-os."

Hoje, estou torta para um lado. Francisco André, querido, talvez nunca tenha dito o quanto seu sorriso e sua companhia eram importantes pra mim. Apesar de afastados pelo rumo da vida, ver suas fotos e lembrar do tempo que convíviamos sempre deixavam meu dia mais feliz e meu coração mais leve...

Saudades Eternas.

terça-feira, março 14, 2006

Minha geração - olhos proféticos

Esta é a minha geração. Uma geração apaixonada, fascinada pelo seu Noivo, que anseia por vê-Lo face a face e vive de maneira coerente com essa paixão. Uma geração que não é fanática, mas radical: radical contra tudo aquilo que fere a santidade do seu Senhor. Esta é uma geração insaciável, que quer ir mais além do que já tem ido, que tem sede e fome incontroláveis da presença de Deus, que não se conforma em viver nem um dia sequer longe da Sua face. Uma geração que O coloca acima de tudo, e que mais e mais busca estar debaixo do Seu senhorio e fazer a Sua vontade, cumprir Seus planos. Uma geração íntima do seu Noivo, que O adora intensamente, de modo extravagante e sem barreiras. Um povo que se nega a seguir os padrões que o mundo estabeleceu para a juventude simplesmente para ser "igual" aos outros, mas que luta para que os perdidos conheçam a grandeza do amor de Deus. Geração que não apenas canta o amor, mas vive o amor pelos perdidos, pois eles são a razão da morte do seu Senhor. Gerção que é corpo, único, e se esvazia todos os dias em prol da unidade desse corpo. Somos uma geração que quer desesperadamente refletir a glória do Pai neste mundo, salgar essa terra, iluminar as trevas, estabelecer e fazer a diferença da geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo adquirido para anunciar as virtudes dAquele que nos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz... (1 Pe 2:9) Escreve através de nós a Tua história, Senhor! Usa-nos para o Teu louvor... Somos apaixonados por Ti!!!

quarta-feira, março 08, 2006

Caught up in emotions

Sabe quando seu coração começa a sentir coisas que você não pediu, não queria sentir e não planejou, e tudo isso de repente? Você não sabe como começou, nem de onde veio e muito menos para onde vai - mas o sentimento está lá. Insistente, pungente e, no mínimo, inconveniente.

Eu estou me sentindo assim. De repente me veio uma tristeza, uma angústia, uma dor no peito... Meu coração está pequenininho, como uma criança quando descobre que Papai Noel não existe. Não sei o que é isso, só sei que não passa. Um bolo no estomago, um grito entalado na garganta. E nem consigo escrever sobre isso, por que é tão forte que nem consigo me concentrar pra descrevê-la...

A dor não passa, mas, aos poucos, eu vou conseguindo percebê-la melhor. Com um pouco mais de atenção, consigo até perceber o que ela quer me dizer. Acho que é a tal "voice within" querendo sinalizar que alguma coisa está errada... E, de fato, está.

Eu sou 8 ou 80, fria ou quente, e do gelo vou direto à explosão. Passou o tempo de me calar, de segurar, de esconder, de adaptar. Acabou a Letícia que todo mundo quer que eu seja, a que eles sonharam. Não vim ao mundo pra realizar os sonhos de ninguém, a não ser os do Espírito Santo na minha vida. Não sou extensão nem complemento de ninguém, e detesto ser vista desta forma! Detesto ter que agir segundo o molde dos outros.

Nao estou falando daquelas concessões normais que fazemos para vivermos em sociedade - estou falando de cerceamento, polimento de liberdade individual. Eu sou quem sou, gostem ou não disso. Tenho meus próprios sonhos, medos, anseios e escolhas a fazer - que são de responsabilidade minha, e de mais ninguém. E agora, a única expectativa que faço questão de responder é a de Deus sobre mim.

Não vou mais deixar que me sufoquem desse jeito!

Sem cobrancas, sem estresse, sem grilos.

Lua adversa
Tenho fases, como a lua.

Fases de andar escondida,
fases de vir para a rua...
Perdição da minha vida!
Tenho fases de ser tua,
tenho outras de ser sozinha.

Fases que vão e que vêm
no secreto calendário
que um astrólogo arbitrário
inventou para meu uso.

E roda a melancolia
seu interminável fuso!
Não me encontro com ninguém
(tenho fases, como a lua)

No dia de alguém ser meu
não é dia de eu ser sua...
E, quando chega esse dia,
o outro desapareceu...

(Cecília Meireles)

quinta-feira, março 02, 2006

Relacionamentos

“Não me entrego sem lutar, tenho ainda coração
Não aprendi a me render, que caia o inimigo, então”

(Metal contra as nuvens – Legião Urbana)


Hoje eu quero falar de relacionamentos e a segurança que tenho deles, mas não tenho nem noção de como começar o texto. Tenho apenas algumas idéias desconexas e talvez tão insanas quanto eu.

Eu tenho enorme defeito (ou será qualidade?) de entrar nas coisas de cabeça, mergulhar de ponta sem me importar com a profundidade do rio. Eu sou assim e não sei ser de outra forma. Talvez um dia eu aprenda a não ser nem 8 nem 80. Tenho percebido que a frase que mais definiria minhas atitudes (“quente ou frio, morno eu vomito”) tem me feito bater constantemente com a cabeça no fundo do tal rio.

Quando o fundo é de areia, tudo bem: o impacto é amortecido. Mas quando é de pedra? Já imaginou a dor que causa? Nem quero lembrar! Cada batida no fundo causa dores que deixam feridas no meu ser, no meu coração. As de areia passam rápido, ou só deixam os hematomas; as de pedra sangram, deixam marcas profundas, visíveis.

Por muito tempo, tive vergonha de admitir as cicatrizes deixadas pelo choque com os fundos de pedra, mas comecei a perceber que cada vez que eu me feri, eu cresci. Algumas vezes aprendi lições que não me fizeram mergulhar diferente, mas me ensinaram a lidar de forma mais madura com os próximos choques. Sabe, talvez eu devesse ter aprendido a medir a profundidade do rio antes de me atirar de cabeça louca pra mergulhar nele, mas essa não seria eu.

Quer saber? Não importa quantas vezes já me feri. Na maioria dos mergulhos, eu fui feliz, conheci seres maravilhosos, paisagens perfeitas, evoluí. Feridas sempre vão existir e nem por isso eu vou deixar de mergulhar, não vou deixar meu coração ser petrificado por causa da dor que um dia existiu e que de vez em quando insiste em se fazer lembrar. Vou caminhando de peito aberto, cabelos ao vento, à procura de mais um rio, louca por mais um mergulho, mais uma vez de ponta. Prefiro agir sempre de forma passional e ter algumas decepções a ficar pensando quinhentas vezes antes de agir e acabar por chegar à conclusão que é o melhor é não fazer nada.

Quero ser feliz, apaixonada, estressadinha como sou. Me nego a ser morna, sem graça, sem vida! Sou doidinha como meus amigos me definem, intensa como eu me definiria. Vou continuar mergulhando de ponta e batendo minha cabeça, arrumando feridas onde não puder evitar e como sei que as alegrias são sempre em maior quantidade, as dores serão superadas. Que a saudade venha mesmo que pareça me ferir com um punhal. Eu já tenho força o suficiente para retirar o punhal quantas vezes ele insistir em ferir meu peito.

Muitas pessoas vão entrar na minha vida e nem todas segurarão minha mão e caminharão comigo por belos caminhos. Algumas me farão conhecer a escuridão e me deixarão só. Eu aprenderei com ambas. Relacionamentos não têm seguro. A gente se doa, se dá, se oferta sem segurança alguma de que teremos retorno de tudo isso. Quanto mais me ferem, mais forte eu fico, porque o amor que habita em mim é infinitamente maior do que a maldade de todo o mundo.

(Adaptado)
 
Revolução em Mim. Design by Exotic Mommie. Illustraion By DaPino