Só me toquei que hoje era o meu último dia na graduação da Letras quando estava indo embora. Que coisa. Todos aqueles clichês de "é um ciclo que se encerra, outro que se inicia" passam pela minha cabeça agora. Aliás, acho que este vai ser o post mais clichê da história deste blog!
Não vou sentir falta do Fundão simplesmente porque não vou parar de freqüentá-lo. Mas já sinto saudade de tudo o que vivi lá. Lembro da emoção e da surpresa de passar no vestibular, da novidade, da responsabilidade, do medo... Ai, me vem de novo o frio na barriga que senti no primeiro dia de aula! O dia do trote, os micos, as choradeiras na xerox (tudo i$$$$o?), os Lit Traillers, as reclamações das notas baixas que sabíamos que merecíamos, as comemorações das notas altas que sabíamos que não merecíamos, a raiva pelos trabalhos que tínhamos certeza que eram os melhores das nossas vidas e foram contemplados com um belo 5,0! Os almoços rachados no CT, as aulas sem noção da Licenciatura (com desconto pro Plínio, de Didática) as madrugadas viradas para produzir essays que não tínhamos nem idéia de como começar (thanks a million, SparkNotes!), o cheiro de cigarro de baile pelo ar, o Gregory querendo fazer a revolução no Pátio Central... E os saraus mega sem-noção, frequentados apenas pelos próprios declamadores??? O CLAC, tudo de bom na minha vida e de tantos outros, onde aprendemos a ser profissionais e a gostar de ensinar... As reuniões do Alfa e Ômega e os frutos que ela trouxe, Pelizzon e Oséias sempre quebrando nossos galhos, a paixão fulminante pela Lingüística, que deu sentido à minha graduação, as mil aulas pra dar em mil lugares diferentes pra sustentar meu sonho...
Mas o que faz do Fundão ser o que é são as pessoas. Era cada figura maluca que encontrávamos pelos corredores... O tarado do chapéu branco (corre, Talita!), o maluco de boina de couro roxa, os bate-panela (não interessa contra o quê, mas eles protestam!), a Cinda, professora de Literatura que defendia a universidade pública para todos em integração com a natureza, mas adorava jogar um cigarrinho no chão; um certo casal gay que se agarrava a qualquer hora em todo lugar, tentando provar não sei o quê; a tia da lanchonete, sempre com uma cara de quem odiava estar ali e que tornava nossa manhã ainda pior; o Dentinho, sempre chamando as meninas de deusa, coração, tesouro (aff, que brega!)...
Professores merecem destaque especial: de Sílvia Frota a Vera Lima, a gente viu de tudo: Trabalho da Aurora, o mais time-consuming de todos os tempos (the little bottle behind the curtains); as aulas da Branca mentindo sobre o Chomsky, co-construindo meu saco cheio de Inglês 7... a Vera Lima dizendo que os monitores do CLAC 'não tinham capacidade reflexiva' numa reunião, mas depois dizendo 'very well done' depois de cada apresentação nossa (isso sem falar nos dias em que ela usava o calor como desculpa pra falar Português! rsrs); o 'very well my friends' da Selma, o sorriso deconcertante e irritante da Elisa, as aulas eu-quero-que-a-estácio-me-demita da Beatriz, Latim nada Genérico com o Carlos (o que a gente não faz por um professor charmoso!), a não Língüística I com a Quental, as curadorias do Bruno, a inteligência revoltante do Vítor Alevato, a globalização do Luiz Paulo, culpada por todos os problemas da humanidade, os 'grupis ófi tri' da Monica Paragraph, as peças da Fagundes... Aff, como a gente tem história pra contar!
Mas o que mais vou sentir falta é das pessoas que cruzaram meu caminho e me fizeram ser quem sou. Os que eram meus amigos e os que não eram. Com todos eu cresci, pelo amor ou pela dor. Bem que dizem que a faculdade muda a nossa vida. Pelo conhecimento, também, mas principalmente por vocês. Gente.
Queria dizer aquelas coisas bonitas que eu conseguia dizer e escrever nas aulas de Teoria Literária, mas nada me vem à cabeça. Só o sentimento de gratidão a Deus por cada dia destes 4 anos, em que Ele me guiou e protegeu, por cada pessoa que Ele mefez encontrar (e ainda de lambuja ganhei um namorado! rsrsrs), por cada desafio, por cada dia que pensei em desistir, mas segui em frente... Ai, quero chorar! Não sei nem como terminar isso aqui.
"Não tenho palavras pra agradecer Tua bondade
Dia após dia me cercas com fidelidade
Nunca me deixes esquecer
Que tudo o que tenho
Tudo o que sou, o que vier a ser
Vem de Ti, Senhor
Dependo de Ti, preciso de Ti
Sozinho nada posso fazer
Descanso em Ti, espero em Ti
Sozinho nada posso fazer
Tudo o que tenho
Tudo o que sou, o que vier a ser
Entrego a Ti, Senhor..."
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3 comentários:
Lê, achei belíssimas as suas lembranças... Aliás, as nossas lembranças, por meio das suas palavras. Fiquei também meio emocionado essa semana, com os olhos rasos d'água até, vendo nossas fotos de beca e as do primeiro semestre. Somos pessoas tão diferentes, separadas por apenas quatro anos, alguns quilos e muitas olheiras... Mas somos seres humanos menos incompletos, acredito. Sua amizade foi certamente uma das conquistas da vida universitária, Lê. Pode ter certeza!
Lê, não sei se você de fato chorou, mas conseguiu me fazer chorar :( VOcê disse simplesmente tudo o que eu e todos os formandos gostaríamos de dizer. Perfeito! E assim como o Vinny disse, gostaria que vc soubesse que sua amizade foi uma grande conquista para mim!
Mil beijos,
Camila
Legal chegar a essa parte da estrada, não é? Mais uma vez temos vários possíveis caminhos. Muitas vezes a vida parece um eterno ciclo onde decidimos para chegar a uma nova indecisão. Por mais incerto que pareça o futuro, sabemos que até aqui chegamos, graças a Deus. E com Ele continuaremos. Tão perfeito é ser filho do Senhor! Se estamos juntos, é porque Ele quis. Te agradeço, Pai, por isso! Felizmente, nossas passagens pela Letras não trouxeram apenas mudanças profissionais, novos amigos, novos irmãos. Muito mais que isso. É só parar para pensar. E só pensar, porque descrever é impossível! É bom ter a consciência , não o orgulho, de que hoje somos mais, de que hoje pensamos de forma diferente. Sinal de que vivemos.
Parabéns, minha menina! Tu batalhaste e Deus te honrou!
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